17032007
tirem da vida estas gentes
com seus porres sóbrios e safadezas sem suor
que envergonham-se das barrigas e estrias no amor
vomitam em receptáculos descartáveis apenas
e a duras penas flutuam nas colunas invertebráveis dos jornais
tirem da vida estas gentes
que deixam fotografar suas casas impecáveis
com banheiros que não permitem cagar
e toda a merda que seus muros escuros escondem atrás
tirem da vida este lugar
tirem já!
as garagens automáticas
com suas super-máquinas prontas pra rodar
bancos de couro e ouro e cristais
tirem já!
o ar-condicionado, vidros blindados e motorista particular
tirem da vida estas gentes
de fraquezas freqüentes e nada a declarar
que bebem seus medos em mesas de outro bar
com companias tão frias quanto o seu olhar
e nenhum romance
tirem da vida essas gentes
de palavreado rebuscado e muito pouco a dizer
parcas piedades e apenas uma pequena vontade de fazer mal
tirem da vida estas gentes
que insistem em ser a elite
mesmo quando a elite não passa de um alvo triste nos postais baratos
tirem da vida estas gentes
elas já estão mortas demais
com suas manias e arrependimentos
e vergonhas e preconceito e um monte de defeitos banais
estas gentes que falam tolices e se contradizem
que não pagam o pedágio das sinaleiras
sobem os vidros e os ouvidos entopem
escondem as moedas menores nos cinzeiros do carro
não pegam nas carteiras por medo de já se terem roubado
nem vêem o frio, a fome e a falta de fantasias
e freqüentam academias buscando alguma segurança
gentes que não vivem no mundo mundano dos humanos
não pisam nas calçadas mijadas nem gastam saliva com estranhos
que têm medo dos pés-sujos e brindam somente em cristal
que não esquecem nem fotografam os seus deslizes e
não têm sequer algum deslize para ser fotografado
ou esquecido
tirem do mundo estas gentes
que pagam com vidas a sua bebida
e não sentem nada, nem alegria, nem dor no dia seguinte
e suas cabeças que só servem pra pensar
tirem já!
gentes néscias que nem sabem como abraçar
com suas mãos que só sabem apertar um botão
ou empinar o nariz
tirem já!
estas gentes que não têm nada infeliz pra contar
nem um fora nem uma foda inacabada
nem saudade de alguém que lhes deu um pontapé na bunda
tirem da vida estas gentes
que vivem em cima do muro
sem presentes nem passado nem futuro
que têm medo de furtar uma fruta e afundam famílias com seus cheques sem fundo
gentes que sentem somente sede
de poder
nem frio nem calor nem dor nem sequer amor
nem fome nem força nem fraqueza nem uma forte correnteza a algemar seus calcanhares
nem sono nem cansaço nem batimentos cardíacos ou vontade de chorar
tirem da vida estas gentes
sem paladar
sem parte alguma pra ir
mas sempre indo a algum lugar
com seu eterno 'tenho que ir..'
tirem-nos daqui!
permita que eles deixem o mundo desfilando em uma carreata de caminhões de lixo
imundos
sem ninguém correndo ao redor, nem ninguém pra quem acenar
tirem da vida estas gentes
estas gentes cheias de vermes e venenos em suas línguas compridas
de caninos esculpidos e escovas de dente elétricas
em seus gargarejos com Perrier
em seus soluços e engasgos
em seu asno jeito de ser
tirem deles o passe livre
tirem seus sapatos
tirem da vida estas gentes
que nos fazem caminhar na brasa dos seus cigarros
tirem da vida estas gentes
tudo o que eles me deram eu paguei mais caro
tirem da vida estas gentes
que sempre conseguem nos tirar do seu caminho
tirem eles em silêncio
mas não tirem com carinho
tirem da vida estas gentes
que não sentem pena nem vergonha
que não gritam por socorro, só oprimem
com seus ternos e vestidos que custam uma casa própria
e suas jóias e peles e couro e marfim
e tudo o mais que da terra podem tirar
tirem da vida estas gentes
em seus escritórios, consultórios e confortáveis salas de estar
com suas tevês de trezentas polegadas e seis mil canais pra mudar
com paredes pintadas com sangue
e cães de caça nos quintais
tirem deles os sobrenomes dos seus pais
tirem as heranças e as danças e os bailes e os ramais com melodias de Beethoven
tirem deles os chuveiros de onde chove dinheiro
suas jacuzzi do futuro e banheiras banhadas a ouro
coleções de roupas de banho e toalhas com ideogramas
creme hidratante feito de embrião humano
e fontes da juventude particular
tirem já!
tirem da vida estas gentes
que só sabem fazer sofrer
tiram de mim, de você, de todos que podem perder
sem bom senso nem nada que possa ser chamado de bom
tirem da vida estas gentes
sem coração nem coragem
que não sabem dizer obrigado
tirem da vida estas gentes
com seus sorvetes e absorventes
e somente motivos aparentes
com seus discursos de mentira à mesa
orações decoradas e nada de fome
agradecimentos em silêncio por não ter nada a dizer
tirem da vida essas gentes
que não sabem arrotar
que não cospem no chão
e nem sujeira de nariz têm pra tirar
tirem já!
tirem da vida essas gentes
que não espalitam os dentes
que caminham somente nas calçadas
e não fazem nada na privada pra se envergonhar
com suas pregas preservadas
em talco e hipoglós
suas virgindades sem graça nem motivo
só um sorriso particular
tirem da vida estas gentes
que têm medo de peidar no ônibus e fazer xixi no mar
que tomam comprimidos pro pau subir e sobem pelas paredes depois
que têm testículos trocados e fazem transfusão de esperma ao invés de gozar
têm gosto de nada e não gostam de ninguém
tirem tudo o que eles têm
tirem do fundo e de onde mais convém
das garagens, dos colchões e carteiras
dos bancos e financeiras e mais
de bolsos escondidos em jaquetas esquecidas
e das apostas perdidas
tirem já!
tirem da vida estas gentes
que não mentem
nem medem esforços para ferrar
tirem das praias
das praças
do espaço
de qualquer lugar
tirem eles das casas de campo
dos spas e restaurantes e butecos
das casas de massagem e dos hotéis cinco estrelas
tirem eles das churrascarias de beira de estrada
eles não entendem nada
e nem têm nada pra ensinar
nenhum segundo do seu ar é sagrado
sempre condicionado
só sabem ouvir veludo
tirem da vida estas gentes
e tirem deles tudo
suas calças, camisas e calcinhas
e escovas de dente
tirem já!
dos cassinos e cafés e cinemas e mais
tirem eles das lojas de conveniência
dos shopping centers e farmácias
de todo e qualquer lugar que um dia possam ter vontade de estar
tirem da vida estas gentes
que nos fazem caminhar na brasa dos seus cigarros
tirem da vida estas gentes
tudo o que eles me deram eu paguei mais caro
tirem da vida estas gentes
que sempre conseguem nos tirar do seu caminho
tirem eles em silêncio
mas não tirem com carinho
tirem da vida estas gentes
com seus porres sóbrios e safadezas sem suor
que envergonham-se das barrigas e estrias no amor
vomitam em receptáculos descartáveis apenas
e a duras penas flutuam nas colunas invertebráveis dos jornais
tirem da vida estas gentes
que deixam fotografar suas casas impecáveis
com banheiros que não permitem cagar
e toda a merda que seus muros escuros escondem atrás
tirem da vida este lugar
tirem já!
as garagens automáticas
com suas super-máquinas prontas pra rodar
bancos de couro e ouro e cristais
tirem já!
o ar-condicionado, vidros blindados e motorista particular
tirem da vida estas gentes
de fraquezas freqüentes e nada a declarar
que bebem seus medos em mesas de outro bar
com companias tão frias quanto o seu olhar
e nenhum romance
tirem da vida essas gentes
de palavreado rebuscado e muito pouco a dizer
parcas piedades e apenas uma pequena vontade de fazer mal
tirem da vida estas gentes
que insistem em ser a elite
mesmo quando a elite não passa de um alvo triste nos postais baratos
tirem da vida estas gentes
elas já estão mortas demais
com suas manias e arrependimentos
e vergonhas e preconceito e um monte de defeitos banais
estas gentes que falam tolices e se contradizem
que não pagam o pedágio das sinaleiras
sobem os vidros e os ouvidos entopem
escondem as moedas menores nos cinzeiros do carro
não pegam nas carteiras por medo de já se terem roubado
nem vêem o frio, a fome e a falta de fantasias
e freqüentam academias buscando alguma segurança
gentes que não vivem no mundo mundano dos humanos
não pisam nas calçadas mijadas nem gastam saliva com estranhos
que têm medo dos pés-sujos e brindam somente em cristal
que não esquecem nem fotografam os seus deslizes e
não têm sequer algum deslize para ser fotografado
ou esquecido
tirem do mundo estas gentes
que pagam com vidas a sua bebida
e não sentem nada, nem alegria, nem dor no dia seguinte
e suas cabeças que só servem pra pensar
tirem já!
gentes néscias que nem sabem como abraçar
com suas mãos que só sabem apertar um botão
ou empinar o nariz
tirem já!
estas gentes que não têm nada infeliz pra contar
nem um fora nem uma foda inacabada
nem saudade de alguém que lhes deu um pontapé na bunda
tirem da vida estas gentes
que vivem em cima do muro
sem presentes nem passado nem futuro
que têm medo de furtar uma fruta e afundam famílias com seus cheques sem fundo
gentes que sentem somente sede
de poder
nem frio nem calor nem dor nem sequer amor
nem fome nem força nem fraqueza nem uma forte correnteza a algemar seus calcanhares
nem sono nem cansaço nem batimentos cardíacos ou vontade de chorar
tirem da vida estas gentes
sem paladar
sem parte alguma pra ir
mas sempre indo a algum lugar
com seu eterno 'tenho que ir..'
tirem-nos daqui!
permita que eles deixem o mundo desfilando em uma carreata de caminhões de lixo
imundos
sem ninguém correndo ao redor, nem ninguém pra quem acenar
tirem da vida estas gentes
estas gentes cheias de vermes e venenos em suas línguas compridas
de caninos esculpidos e escovas de dente elétricas
em seus gargarejos com Perrier
em seus soluços e engasgos
em seu asno jeito de ser
tirem deles o passe livre
tirem seus sapatos
tirem da vida estas gentes
que nos fazem caminhar na brasa dos seus cigarros
tirem da vida estas gentes
tudo o que eles me deram eu paguei mais caro
tirem da vida estas gentes
que sempre conseguem nos tirar do seu caminho
tirem eles em silêncio
mas não tirem com carinho
tirem da vida estas gentes
que não sentem pena nem vergonha
que não gritam por socorro, só oprimem
com seus ternos e vestidos que custam uma casa própria
e suas jóias e peles e couro e marfim
e tudo o mais que da terra podem tirar
tirem da vida estas gentes
em seus escritórios, consultórios e confortáveis salas de estar
com suas tevês de trezentas polegadas e seis mil canais pra mudar
com paredes pintadas com sangue
e cães de caça nos quintais
tirem deles os sobrenomes dos seus pais
tirem as heranças e as danças e os bailes e os ramais com melodias de Beethoven
tirem deles os chuveiros de onde chove dinheiro
suas jacuzzi do futuro e banheiras banhadas a ouro
coleções de roupas de banho e toalhas com ideogramas
creme hidratante feito de embrião humano
e fontes da juventude particular
tirem já!
tirem da vida estas gentes
que só sabem fazer sofrer
tiram de mim, de você, de todos que podem perder
sem bom senso nem nada que possa ser chamado de bom
tirem da vida estas gentes
sem coração nem coragem
que não sabem dizer obrigado
tirem da vida estas gentes
com seus sorvetes e absorventes
e somente motivos aparentes
com seus discursos de mentira à mesa
orações decoradas e nada de fome
agradecimentos em silêncio por não ter nada a dizer
tirem da vida essas gentes
que não sabem arrotar
que não cospem no chão
e nem sujeira de nariz têm pra tirar
tirem já!
tirem da vida essas gentes
que não espalitam os dentes
que caminham somente nas calçadas
e não fazem nada na privada pra se envergonhar
com suas pregas preservadas
em talco e hipoglós
suas virgindades sem graça nem motivo
só um sorriso particular
tirem da vida estas gentes
que têm medo de peidar no ônibus e fazer xixi no mar
que tomam comprimidos pro pau subir e sobem pelas paredes depois
que têm testículos trocados e fazem transfusão de esperma ao invés de gozar
têm gosto de nada e não gostam de ninguém
tirem tudo o que eles têm
tirem do fundo e de onde mais convém
das garagens, dos colchões e carteiras
dos bancos e financeiras e mais
de bolsos escondidos em jaquetas esquecidas
e das apostas perdidas
tirem já!
tirem da vida estas gentes
que não mentem
nem medem esforços para ferrar
tirem das praias
das praças
do espaço
de qualquer lugar
tirem eles das casas de campo
dos spas e restaurantes e butecos
das casas de massagem e dos hotéis cinco estrelas
tirem eles das churrascarias de beira de estrada
eles não entendem nada
e nem têm nada pra ensinar
nenhum segundo do seu ar é sagrado
sempre condicionado
só sabem ouvir veludo
tirem da vida estas gentes
e tirem deles tudo
suas calças, camisas e calcinhas
e escovas de dente
tirem já!
dos cassinos e cafés e cinemas e mais
tirem eles das lojas de conveniência
dos shopping centers e farmácias
de todo e qualquer lugar que um dia possam ter vontade de estar
tirem da vida estas gentes
que nos fazem caminhar na brasa dos seus cigarros
tirem da vida estas gentes
tudo o que eles me deram eu paguei mais caro
tirem da vida estas gentes
que sempre conseguem nos tirar do seu caminho
tirem eles em silêncio
mas não tirem com carinho